tinham as camisas maneiras e acessórios geeks que eu ficava namorando na internet, eu lembro que eu queria muito uma mochila que era no formato do casco do bowser.
tinham os vários videogames com ideias e possibilidades de interatibilidade nova.
e tipo essa exposição, não pegou direito na minha cabeça, até porque, o que eu sempre achei mais legal (mesmo sem saber exatamente na época) era arte, e no fundo do meu coração arte sempre foi a coisa mais impressionante e absoluta possível, por isso que no momento na minha infancia, em que eu tive a maior necessidade no meu coração de tentar desenhar e expressar o meu conceito de maneirice, era lógico, que pra minha arte fazer sentido, eu tinha que vender ela, e era isso que eu vendia na escola com um slogan que pra mim até hoje, é enigmático "desenhos feios!! 5 centavos!!" esse era meu produto.
eu só queria participar, do universo de criatividade, estética e emoção, e essa experiência meio que foi algo que me afastou durante anos, de sequer pensar em pegar um lápis de novo, e desenhar qualquer coisa mesmo que fosse só pra mim, sabe como se ainda existisse aquele mesmo fantasma de desaprovação que me entristeceu tanto, não era nem essa memoria que vinha mas o mesmo sentimento.
desde que eu comecei a desenhar pra valer a alguns dois anos atrás, vem sendo difícil não sentir que os meus desenhos, vem da mesma origem dos desenhos feios da escola, o que eu faço é principalmente no mouse e no mspaint, o que são recursos engraçados pra dizer no mínimo, e a beleza ou estranhice do que sai é completamente do coração e do sentimento, afundado em uma necessidade muito genuína minha de por em imagem e textura algo que me faz sentir qualquer coisa, as vezes sai muito bom as e foge da norma da feiura, as vezes fica bem questionável, e nunca exatamente a questionabilidade é obvia, ela fica internalizada em tudo que envolve aquele arquivo, é uma condição bem permanente de resultados brutos. e é um dilema, saber se eu quero escapar disso ou não, porque no fim os desenhos feios não eram tão feios, eu amo arte infantil/arte naiff, aquilo tinha valor, eu aposto que se eu visse eles de volta hoje em dia eu ia amar e guardar cada um com muito carinho, mas vale a pena seguir esse caminho?
toda vez que eu percebo que eu to melhorando muito com a minha arte, eu fico insegura de não tá sendo mais honesta comigo, de estar escapando do que me define como interessante, e eu começo a fazer tudo de mais horrível possível, por uma vontade de regredir. e o pior é que esses horríveis eles são não muito gostáveis pra quem eu mostro, mas eu sinto orgulho deles, é uma auto reafirmação que eu não sabia explicar até então, meio parecido com a situação do desenho jogado fora, e eu não quero repetir isso. se não se importam, eu vou aqui expor os meus novos desenhos feios, aqueles com uma composição porca, mal gosto, uso tosco de cores e com pouco esforço e energia envolvidos, eu não preciso me definir artisticamente por eles, não só eles que existem, mas meu Deus como eu os amo.
asas de rato, 2022
garoto mais fraco, 2022
alvo sensível, 2022
visível, 2022
(incompleto e sem titulo), 2022
'no mundo sem cor, jesus não é pintado', 2022
te amo, 2021
(sem titulo), 2022
(incompleto e sem titulo), 2022
lixo me hospitala, 2023
(sem titulo), 2023
(sem titulo), 2023
gnomos apagaram o meu dever de casa, 2023
koala legal da silva, 6/12/2012
:,)
eu recomendo os desenhos feios.