quarta-feira, 19 de abril de 2023

desenhos feios


quando eu tinha por volta dos 8-9 anos eu praticava venda ilegal na minha escola, ilegal porque era estritamente proibido vender qualquer coisa lá, o que é bem entendível sendo sincera, dar a capacidade de movimentação econômica na mão de crianças não é a melhor das ideias, e por uma necessidade não explorada, essa regra não me impediu de seguir minhas vontades. eu não fazia isso pela adrenalina já que eu genuinamente tinha muito medo de ser pega, não era também pela rebeldia porque eu respeitava muito os adultos e muito menos era pelo dinheiro porque o meu produto só custava 5 centavos.


acontece que se algo era irado ele era acessado a partir de compra, isso é algo que é muito obvio na nossa cabeça quando a gente era pequeno, pelo menos na minha era, tinham todos aqueles comerciais, tipos os de brinquedo, que me pegaram muito pelos meus 3 a 6 anos de idade.


tinham as camisas maneiras e acessórios geeks que eu ficava namorando na internet, eu lembro que eu queria muito uma mochila que era no formato do casco do bowser.


tinham os vários videogames com ideias e possibilidades de interatibilidade nova.
por volta de 2010/2011 por exemplo eu fiquei muito maluca no dia que meu pai me mostrou no jornal, a existência dos skylanders, que era aquele jogo que você comprava os bonequinhos e colocava eles num portal e eles viravam personagens jogáveis.


 
e talvez o que mais me batesse no coração eram os conteúdos extra, de mídias que eu já tinha acesso, meu sonho de criança, era ter todos os quadrinhos do hora de aventura que eu via sobre na horadeaventurawiki e ter todas as temporadas completas em CD pra eu ver os episódios na hora que eu quiser. 

e tipo essa exposição, não pegou direito na minha cabeça, até porque, o que eu sempre achei mais legal (mesmo sem saber exatamente na época) era arte, e no fundo do meu coração arte sempre foi a coisa mais impressionante e absoluta possível, por isso que no momento na minha infancia, em que eu tive a maior necessidade no meu coração de tentar desenhar e expressar o meu conceito de maneirice, era lógico, que pra minha arte fazer sentido, eu tinha que vender ela, e era isso que eu vendia na escola com um slogan que pra mim até hoje, é enigmático "desenhos feios!! 5 centavos!!" esse era meu produto. 


sendo sincera eu sinto muita pena de mim mesma lembrando disso, ao mesmo tempo que eu queria que o que eu fizesse fosse valorizado (a partir do ato de vender), a graça do que eu fazia, é que ela não tinha nenhuma possibilidade de ter valor, não só pelo preço ridículo como todo o produto era baseado no quão ruim ele era. eu não desenhava parecido com traço de mangá, nem com traço dos gibis maneiros que meu pai pegava na biblioteca de vez em quando, ou com as fanarts da internet, muito menos com o estilo das animações do cartoon network, eu desenhava igual a uma criança de 8 anos sem experiência, então com medo de me zuarem, eu já fazia esse trabalho pelos outros, o que não me impediu de ter meu coração partido quando eu fiz o desenho que eu mais me orgulhei de ter feito na época, que era de uma batalha pokemon entre um charmeleon contra um buizel, toda bonitinha e charmosa, e eu simplesmente perdi ele, em troca de 5 centavos que eu não ia usar pra nada, pra ainda por cima o garoto mais velho que comprou amassar e tacar no lixo na minha frente.


eu só queria participar, do universo de criatividade, estética e emoção, e essa experiência meio que foi algo que me afastou durante anos, de sequer pensar em pegar um lápis de novo, e desenhar qualquer coisa mesmo que fosse só pra mim, sabe como se ainda existisse aquele mesmo fantasma de desaprovação que me entristeceu tanto, não era nem essa memoria que vinha mas o mesmo sentimento.


desde que eu comecei a desenhar pra valer a alguns dois anos atrás, vem sendo difícil não sentir que os meus desenhos, vem da mesma origem dos desenhos feios da escola, o que eu faço é principalmente no mouse e no mspaint, o que são recursos engraçados pra dizer no mínimo, e a beleza ou estranhice do que sai é completamente do coração e do sentimento, afundado em uma necessidade muito genuína minha de por em imagem e textura algo que me faz sentir qualquer coisa, as vezes sai muito bom as e foge da norma da feiura, as vezes fica bem questionável, e nunca exatamente a questionabilidade é obvia, ela fica internalizada em tudo que envolve aquele arquivo, é uma condição bem permanente de resultados brutos. e é um dilema, saber se eu quero escapar disso ou não, porque no fim os desenhos feios não eram tão feios, eu amo arte infantil/arte naiff, aquilo tinha valor, eu aposto que se eu visse eles de volta hoje em dia eu ia amar e guardar cada um com muito carinho, mas vale a pena seguir esse caminho?


toda vez que eu percebo que eu to melhorando muito com a minha arte, eu fico insegura de não tá sendo mais honesta comigo, de estar escapando do que me define como interessante, e eu começo a fazer tudo de mais horrível possível, por uma vontade de regredir. e o pior é que esses horríveis eles são não muito gostáveis pra quem eu mostro, mas eu sinto orgulho deles, é uma auto reafirmação que eu não sabia explicar até então, meio parecido com a situação do desenho jogado fora, e eu não quero repetir isso. se não se importam, eu vou aqui expor os meus novos desenhos feios, aqueles com uma composição porca, mal gosto, uso tosco de cores e com pouco esforço e energia envolvidos, eu não preciso me definir artisticamente por eles, não só eles que existem, mas meu Deus como eu os amo. 






asas de rato, 2022













dia de sol, 2022










garoto mais fraco, 2022













alvo sensível, 2022












visível, 2022












 (incompleto e sem titulo), 2022











'no mundo sem cor, jesus não é pintado', 2022











te amo, 2021












(sem titulo), 2022












(incompleto e sem titulo), 2022















lixo me hospitala, 2023
















(sem titulo), 2023















(sem titulo), 2023















gnomos apagaram o meu dever de casa, 2023













desenhos feios, 2022














  
koala legal da silva, 6/12/2012



:,) 








eu recomendo os desenhos feios.




terça-feira, 22 de novembro de 2022

Poços com fundo.

um tempo desses eu tava conversando com um amigo querido sobre incômodos aleatórios que eu tinha na infância, e foi muito engraçado ver a reação dele em relação as coisas mais fúteis que eu tinha agonia, por exemplo eu odiava dinossauros porque eu não achava maneiro eles serem muito grandes, o tamanho enorme deles me dava um desconforto, e não por eu ser pequena mas sim que dentro do viver deles o espaço era organizado de um jeito muito mais caótico. e bom, supreendentemente, o jeito que ele reagiu, foi com muita normalidade, como se fosse uma parte não verbal super característica de como eu sou. ou seja, em algum nível a pessoa que eu sou hoje em dia, é intrinsicamente uma pessoa que odeia dinossauros.

isso pode ser bem lunático, mas é uma analise verídica da minha personalidade, um pontinho dentre vários que se conectam e me fazem ser como eu sou, e sinceramente analisar as pessoas desse jeito bobo é algo bem engraçado, essa interação me deu conta de que isso é algo que eu pelo menos faço bem cotidianamente no meu subconsciente, e assim eu não sou do tipo de pessoa que fica pensando muito como os outros se comportam, até porque eu acho tudo relacionado a interações sociais extremamente imprevisível tal qual um filhote recém-nascido tentando entender o mundo ao redor (pra mim essa é a graça de interações não sei vocês), mas eu penso muito sobre como personagens fictícios se comportam, e eu sei que isso é bem normal mas eu tenho opiniões.

 

a analise dessas excentricidades super especificas, não verbais e intrínsecas, ou melhor esses detalhes que podem sair de um personagem, vem muito especialmente porque ele são escritos por inúmeras pessoas em vários contextos diferentes, e os tais "plot holes", ou tipo defeitos na caracterização de um personagem com consistência, são parte essencial do que forma a personalidade, profundidade e ironicamente coesão. 


um exemplo forte pra mim seriam todos os personagens do hora de aventura, que passam por tantas situações diferentes que faz com que certas pessoas cheguem a questionar a qualidade do desenho, que por assim dizer "sofre" de fato de mil mudanças de formula, tema e tom o tempo inteiro, mas o que é difícil de entender, é o quão isso é um dos principais motivos de que a série é tão bem escrita.



uma das coisas que mais me pega em hora de aventura é o quão os roteiristas conseguem arranjar muito bem, o que o espectador vê e não vê, em prol de uma relação mais humana com cada característica dos personagens. exemplo rápido, quando o finn conhece a princesa de fogo, o que acontece no fim do episodio é que ela simpatiza com o choro dele e foge da vila que ela tava atacando deixando o finn lá, sem mais conversa, sem amizade, um desenvolvimento pequeno, 15 episódios depois, na próxima vez que ela aparece no desenho, eles já não são somente amigos, como tem um interesse romântico em comum, e se beijam no final desse episodio, além de que o contexto da princesa mudou completamente, ela não tá atacando ninguém e nem tem intenções de fazer nada errado, o que em episódios seguintes foi desenvolvido como ela tentando se distanciar da maldade que o pai dela projetava nela, ou seja, o desenvolvimento todo da relação do finn com ela de um episodio pra outro foi feito completamente atrás das cortinas, e uma inconsistência dela tinha uma explicação.

da pra argumentar que o exemplo não faz sentido porque tinha uma explicação, mas a questão é que toda incoerência em caracterização, vai adicionar em algo, e isso fica muito obvio com o exemplo que eu dei, a incoerência da bondade repentina da princesa de fogo, se tornou um dos principais arcos dela durante o programa, e vários outros detalhes essenciais não vão ser explorados como esse foi, mas eles vão ser uma adição pra profundidade e imprevisibilidade pros personagens, o mais perto de uma materialização que eles poderiam receber.

é um recurso tão simples de roteiro mas que tira completamente a artificialidade da sua conexão com os personagens, e que é um padrão bem engraçado na maior parte das minhas mídias favoritas, como se fosse um pontinho dentre todas elas que as conecta de um jeito tão especial, que me ajuda a conectar com elas. 

eu recomendo os buracos

terça-feira, 11 de outubro de 2022

slur emo

 

constantemente eu percebo que em nenhum espaço de convivência as pessoas entendem o que eu quero dizer quando eu digo que eu sou emo, não que elas duvidem mas elas criam uma própria concepção que nunca supriu o que eu sinto de verdade, e pior que isso é algo realmente bem importante pra entender como eu me defino 


durante minha pré-adolescência eu diria que eu fui completamente manipulada pelos meus colegas de escola a ser emo, eu sempre tive uma franjinha e era sensível demais, então assim os outros garotos me zoavam até que bastante disso, mas nessa época e no mundo mainstream que eu vivia o termo emo tinha um significado bem vazio, eu fui pré-adolescente na segunda leva geracional em que emos já não eram mais algo, eu e todo mundo da minha idade teve algum contato com a subcultura na infância até porque essa parte do movimento era algo bem mainstream nos anos 2000, mas o que sobrava era só uma noção genérica do termo, então o que eles queriam dizer me chamando de emo? e o que eu entendia com isso?


bem pra mim é bem obvio que eles só queriam me zoar de viado sem serem explicitamente homofônicos, mas pra mim, sempre existiu uma fascinação em ser definida assim, um apelo enorme


uma das primeiras coisas que vem a cabeça pra entender isso é o sasuke uchiha, eu amava naruto desde muito muito criança e era meio inevitável não achar o sasuke o cara mais irado do mundo vendo os episódios. ele era ágil, ele era forte, ele era sombrio, ele tinha um visual irado e o mais importante 



ele era triste


e não era uma tristeza unidimensional no inicio do anime, o sasuke era um personagem incrivelmente bem planejado, já no primeiro arco do naruto, da parte contra o zabuza, o acontecimento mais importante, é que o sasuke "morre", não só morre como se sacrifica pelo naruto, e não é algo que acontece só do nada, são uns três episódios dele e o naruto em uma enrascada contra o haku, e no meio de todo o pânico que eles passam juntos nesse tempo o sasuke praticamente se mata pelo amigo, e é nessa cena que o espectador é exposto aos objetivos do sasuke, de vingar a família e matar o itachi, objetivo que você só descobre porque ele abdica dele naquele momento, pra salvar a vida de alguém que ele mal considera.  


e tá bom ele não morre de verdade ele acaba sobrevivendo, mas esse momento dá uma profundidade muito do caralho pra tristeza dele e pro quão isso define ele, o naruto ele geralmente reage as situações de um jeito relativamente mais superficial, enquanto o sasuke reage de um jeito emocional, durante todo o desenvolver da série clássica o que acontece com ele pro corrompimento são consequências de consequências de consequências de coisas que aconteceram antes, o sasuke era um personagem que era definido pelos traumas constantes que ele passava e pela determinação completa de perder a humanidade dele em troca de superar esses traumas. 


e a alice de 6 anos achava isso um máximo, em um nível superficial eu sempre quis ser maneira como ele, mas foi quando eu fui categorizada como emo e quando eu parei pra pensar sobre isso depois que eu passei a entender mais o apelo que eu tinha nisso


ser definida como uma pessoa que sente, que reage emocionalmente


e assim o sasuke é só um exemplo disso, não é como se eu quisesse ser exatamente igual ele, eu sinceramente mal gosto dele na maior parte do tempo, mas o que ele representa eu acho algo muito forte


então isso é só a primeira parte, ok, eu gosto de que as pessoas entendam minha sensibilidade, mas não é nem de perto o completo do que eu associo ao emo


tudo o que eu disse pode em algum nível não significar porra nenhuma, porque música emo e expressão emo não é a unica que tem a ver com reagir a dores, literalmente existe milhões de movimentos que surgiram ou se expressam em oposição a uma dor, e é bem bruto e errado você dizer que a depressão é pro emo o que o capitalismo é pro punk, ou o que o racismo é pro rap, ou o que a tua esposa te trair é pro sertanejo, o que pra mim envolve ser emo não é o que tu expressa, mas os jeitos que tu expressa


eu enxergo um paralelo muito forte, entre vários artistas emo, e a arte naiif ou outsider, não necessariamente pela característica essencial desses movimentos, mas pela expressão única que eles tem em comum.

pra mim o sensível que eu descrevo em tudo que eu faço vem essencialmente dessas duas origens diferentes que pra mim são tão relacionadas 


eu diria que ser emo não é só se definir pela reação mas é se definir pelas formas amplas possíveis de reação e expressão, um movimento que valoriza tudo isso, e eu digo isso falando não só das coisas experimentais e etc, mas de tudo que percorre por volta do emo, até mesmo as sonoridades e expressões que se categorizam por padrões específicos em pessoas diferentes, tipo o midwest emo que tem um monte de coisa igual por exemplo, eu me considero emo porque eu adoro isso, eu adoro expor o meu jeito, e eu adoro ver como tem uma variedade tão criativa seja por estética, letras, experimentações como as as pessoas expõem o jeito delas. 









e pra exemplificar bem o meu ponto eu vou fazer uma listinha de alguns dos meus álbuns favoritos de emo porque eu não posso perder essa chance


exemplos (recomendações) 




weatherday - come in (2019)



provavelmente o meu álbum favorito da vida, essencialmente porque ele aborda de um jeito tão intimista, frágil e afável o tema de conexões, de um jeito tão precisamente bem escrito, com metaforas e um palavreamento lindo e profundamente emocional em meio de uma camada de insegurança barulhenta e dramática, o ápice de música fofa e triste na minha opinião e uma das mídias no geral mais importantes pra minha vida


eu amo muito a faixa "agatka" e eu acho ela provavelmente uma das músicas mais geniais e avant-gard do emo, onde toda emoção do refrão que era pra essencialmente ser em gritos é transcrita em vocais chorosos e melosos com um pitch extremamente alto sem perder a essência da sonoridade. 






lobsterfight - pink, black, and orange in the corners (2020)


esse álbum pra mim uma das experiencias mais diferentes e experimentais que se da pra ter em música emo, um álbum inteiro que se constroi em uma distorção quase parafraseada dos vicios do gênero mas não de forma comica mas sim em uma forma de expressão completamente bilu teteia dando um ar completamente novo pro drama, paixão e emoção presente.


eu também diria que "V" é uma das músicas mais avant-gard da historia da música emo, com uma dissonancia linda em todos os instrumentos e os vocais exageradamente extendidos do vocalista. 


(aliás eu tenho um disco desse álbum olha que coisa linda) 








STOMACH BOOK - homonimo (2021)


quando eu falo da correlação entre o emo e o naiff esse é um dos álbuns que mais me vem a cabeça, com uma expressão tão caotica e desorganizada de um medo e ansiedade em existir compilada em tantas paletas sonoras diferentes, eu descreveria sonicamente esse álbum como versão epica de música de perseguição do scooby-doo pra usuarios de adderall. 






oolong - about your imaginary friend (2020)


eu acho muito engraçada a definição de "weed-emo" e eu acho que esse álbum leva isso ao maximo, a partir de uma energia tão forte de skatista maconheiro triste, exemplificada em linhas hilárias e icônicas mas que ao mesmo tempo tem um teor verdadeiramente dramático tão forte e simpatizante. 


roxies and cigarettes é um dos exemplos principais disso, tratando a morte de uma amiga importante de um jeito tão tocante, mas ao mesmo tempo tratando a relação dele baseado nos padrões engraçados de skatista maconheiro do vocalista. 


eu também adoro mount st. mary que entra muito nesse universo, abordando questões de alcoolismo e como isso deixa ele tão estupido e ridiculo, que de novo é bem triste mas sobrevive dentro desse carisma especifico que eu falei. 





your arms are my cocoon - homonimo (2020)


entre muitos charmes desse primeiro ep do your arms are my cocoon, com certeza um dos essenciais é como um álbum de screamo extremamente acessivel, tendo uma fusão muito caracteristica com o twee pop e o bedroom pop ele vira uma experiencia muito fácil, e que te inclui muito na profundidade passional e romantica do EP. é extramemente poetico e fofo, um dos meus projetos preferidos da vida. 



hey, ily - internet breath (2021) 


sinceramente pra mim a sonoridade de chiptune (ou música tipo de vídeo game) é uma das mais pouco exploradas pro tamanho do potencial que tem, e o jeito que a galera dessa banda fusiona isso com a música emo é extraordinario, que dá uma atmosfera muito completa em uma abordagem nostálgica e cativante. 






jets to brazil - orange rhyming dictionary (1998)


o meu álbum favorito do inicio do midwest emo, a construção muito caracteristica nessa fase da sonoridade aqui toma uma forma tão organica e com proveniencias muito bem arranjadas do alt rock, impossivel ouvir músicas tipo starry confingurations e chinatown sem se envolver imediatamente. 




mars accelerator - i am the south pole (1996)


eu acho muito doido como esse álbum tão obscuro tem tantas execuções tecnicas tão a frente do tempo em relação a outras bandas de emo e post-hardcore da epoca, uma paixão maniaca e dolorosa que é transposta entre riffs incriveis e colagens de som. 





my chemical romance - i brought you my bullets, you brought me your love (2002)


entre os álbuns mais convencionalmente emo entre o publico mainstream, esse é de longe um dos mais fortes e viciantes, com uma abordagem tão chorosa e sombria pro romance descrito, e com temas muito bem encaixados de um horrorpunk meio gótico que foi ser depois uma das principais influencias pra estética emo nos anos 2000. 


drowning lessons e vampires will never hurt you são DESNECESSARIAMENTE boas e tão com certeza entre algumas das minhas músicas favoritas da vida.





eu recomendo o emo. 

terça-feira, 4 de outubro de 2022

blog é uma arte morta

 oi eu sou alice chinchila e esse é o blog que eu acho que eu quero fazer, e é um blog só porque sinceramente eu sinto muita falta do formato, hoje em dia existe o twitter, o tumblr, o face qualquer coisa dessas pra falar da própria vida, mas eu prefiro aqui, eu me sinto mais "usando o computador".

acontece que eu cresci na internet e quando eu era criança eu não tinha paciência nenhuma pra ler blog porque eu so queria jogar click jogos e acessar sites divertidos, mas eu tinha a noção de quando eu crescesse eu iria ler blogs já que é isso que pessoas mais velhas fazem na internet, mal sabia eu que o blog ia morrer quando ele se tornasse o vlog e o vlog ia morrer quando ele perdesse totalmente o proposito já que quando tu ia ver um vlog em sei lá 2016 por exemplo a ultima coisa que tu esperava nos vídeos é ser uma versão gravada de um blog igual era nos primórdios, e essa falta eu acho que é muito relevante porque parece que é isso que a galera mais nova na internet tenta emular em outras plataformas com um esforço muito maior do que é necessário e um êxito muito menor, mas enfim não é inteiramente sobre o proposito virtu-social do blog que eu to começando esse, é na verdade por outros motivos

eu quero me conectar um pouco mais, e é irônico querer me conectar a partir de um blog em pleno 2022 mas nesse ponto eu espero que vire só charme. 


eu moro em brasília e a cultura social aqui é insana. proveniente da arquitetura mais distopica que eu consigo imaginar, é tudo tão não humanamente planejado, o comercio e lugares todos são separados em setores e as ruas são enormes você mal encontra pessoas andando por aí, viver aqui faz parecer que relações humanas são só mais um setor, as ruas que possuem uma falta do significado social não verbal pra mim são as que eu mais gostaria de dissecar, eu acho genuinamente aterrorizante espaços vazios que tem como função somente a ultrapassagem, e é isso que mais tem por todas as redondezas inclusive da minha vizinhança, é como se tudo fosse uma estrada no meio do nada na qual tem um perigo eminente que você não entende o sentido, até as ruas do rio a noite que são aterrorizantes por motivos lógicos, não passam esse medo conceitual, o terror da falta de proposito humano


e tudo isso é porque a cidade toda parece que é moldada em uma individualização bizarra, não existe nenhum senso de comunidade em nenhum lugar que não em grupos de pessoas próximas, e saindo de uma pandemia que foi um fator de isolamento tão grande eu não consigo não reparar o quão pra mim nada aqui como imigrante faz sentido. não querendo soar como tipo sei lá o mano do arcade fire que tem uma crise existencial porque as crianças de toronto não andam mais de bicicleta na rua, mas realmente tem algo errado aqui 


e é engraçado, porque um lugar com uma tendência tão individualizada só faz eu me sentir tão menos individual (de um jeito ruim não do bom), e eu quero ter um lugar onde eu possa expressar me conceitual e esteticamente e falar das coisas que eu gosto com essa liberdade que eu sinto falta, e que a internet tem uma capacidade tão linda de providenciar, eu recomendo o blog.